O Xadrez Chinês (o Xiangqi)
O tabuleiro é o primeiro dos elementos distintivos do Xiangqi. É um tabuleiro com 10x9 intersecções, seccionado ao meio horizontalmente por uma linha divisória que é conhecida por "rio", nuance relativamente ao xadrez internacional que limita desde logo o movimento de algumas peças as quais ficam, assim, comprometidas à defesa, como será visto a seguir. Por outro lado, em cada lado do tabuleiro existe um quadrado (marcado com uma cruz, o castelo) de onde o general (o rei) não pode sair.
As peças são idênticas para ambos os jogadores ( a não ser que se esteja a jogar num
sistema de handicap, para equilibrar os seus skills) e são as seguintes:
- o general (a peça que se encontra absolutamente centrada numa das duas linhas finais do tabuleiro), move-se uma casa em qualquer direcção não diagonal dentro do castelo, e não pode mover-se para a frente do outro general se não existirem peças entre eles na mesma coluna;
- o mandarim (as duas peças que se apresentam imediatamente do lado esquerdo e direito do respectivo general) serve para guardar o general e move-se um quadrado em qualquer direcção dentro do castelo;
- o elefante é outra peça defensiva que apenas se pode mover duas casas na diagonal do seu lado do tabuleiro (i.e, não pode atravessar o rio), e não pode saltar por cima de outras peças. Inicialmente os dois elefantes são colocados à esquerda e à direita dos mandarins que estão à esquerda e à direita do general, respectivamente.
- o cavalo é idêntico ao do xadrez (aparece numa posição análoga, é a segunda peça a contar do canto dos dois lados) excepto que não pode saltar por cima das peças em questão.
- a quadriga (que aparece nos cantos do tabuleiro) é uma peça que tem o poder que é conferido à torre no xadrez ocidental; pode mover-se qualquer número de casas numa direcção não diagonal.
- o canhão (há dois, na terceira fila, em frente aos cavalos respectivos) é parecido com a quadriga, com a diferença que quando captura, tem de saltar por cima de exactamente uma peça (adversária ou não)
- o soldado ou peão (de que há 5 exemplares espaçados de uma casa entre si e avançados já na quarta fila), o que permite que o jogo se desenvolva com mais fluidez face ao Xadrez Internacional, e que arranque mais depressa. O peão move-se e captura uma casa para a frente, excepto do lado contrário do rio que também se pode mover lateralmente. De notar que esta mudança aparentemente insignificante na posição, transfigura completamente o carácter estratégico do jogo. Os peões deixam de estar apoiados pelos seus colegas e, por outro lado, passam a ter mobilidade lateral quando atingem a outra margem do rio. O facto do peão não se poder promover torna-o uma peça substancialmente mais fraca que no xadrez ocidental.
O objectivo do jogo é obter o xeque-mate, situação em que o general inimigo não tem qualquer lance legal e é atacado, ou stale-mate, situação em que o adversário não dispõe de quaisquer lances legais para efectuar. De notar que, ao invés do xadrez, o stale-mate resulta na derrota para o lado que ficou sem lances legais.
O xadrez chinês não tem a peça super-poderosa que chamamos dama, nem uma peça que se possa mover arbitrariamente ao longo de uma diagonal. Compensa esse poder de ataque a menos com "quase quatro torres", as quadrigas e os canhões. Assim, a pressão ao longo das diagonais é muito reduzida.
A protecção ao general também teria necessariamente de ser aumentada, uma vez que as colunas, mais abertas que no xadrez internacional, ficam vulneráveis ao ataque das peças pesadas (quadrigas e canhões). Daí a existência de dois mandarins.
O jogo também evoluiu de forma a evitar empates quando há apenas uma pequena vantagem de um dos lados. Daí a regra de oposição dos generais mencionada atrás, e a habilidade de se mover lateralmente do soldado.
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