quarta-feira, dezembro 20, 2006

O Xadrez (Parte II)

Falei apenas do Xadrez que para nós é mais conhecido, o Xadrez Ocidental. Mas o Xadrez é um jogo cuja diversidade de variantes é infindável, a qual pretendo aflorar aqui.

Por exemplo, ainda falta referir aquele que é, talvez, o jogo de tabuleiro mais jogado em todo o mundo : o Xadrez Chinês, que é mais popular no Oriente que o Xadrez Ocidental, como seria natural conjecturar-se. Ou o xadrez japonês ( o Shogi ). O facto de o Xadrez ter resultado em dois jogos tão diferentes em dois países tão próximos não é certamente coincidência, mas decorre das culturas personalizadas e das rivalidades históricas entre esses dois povos.

As origens históricas deste jogo estão envoltas numa densa neblina. Pensa-se que é claro que todas as variantes do xadrez, e aquelas a que me refiro não são excepção, possuem um antecessor comum (daí terem todas o mesmo nome!). Mas de onde veio esse antecessor, e como evoluiu?

Como já vimos, a única coisa de que se tem a certeza é que uma forma do jogo chamada shatranj era jogada na Pérsia por volta do século sete depois de Cristo. Na Idade Média, o jogo começou a espalhar-se para a Europa e para o Oriente. Há quem acredite que chegou primeiro à China, pois o xadrez chinês actual é um parente mais próximo do shatranj que o xadrez Ocidental.

O que se nota aqui, e que é muito interessante, é que à imagem das teorias da evolução biológicas, os jogos de tabuleiro primitivos tendem a evoluir para jogos mais consistentes e mais interessantes, mas de forma diversa e não monótona. Assim, por exemplo, o Xadrez Chinês alivia a falta de mobilidade dos peões no jogo original, colocando-os em posições avançadas, ao passo que o xadrez ocidental inventou o lance de peão duplo inicial para suprir a mesma carência. Por outro lado, o jogo original sofria de carências importantes ao nível da mobilidade e agressividade das peças. Na Europa, esse problema foi resolvido aumentando o poder do bispo e da dama. No Xadrez Chinês resolveu reduzir-se o número dos peões no tabuleiro e introduzir uma nova peça, o canhão.

Nos próximos posts discutirei com um pouco mais de detalhe o xadrez chinês e o shogi, que nos fará compreender melhor esta dualidade.